O médico e o músico

Eu fico estarrecida toda vez que a minha profissão é menosprezada. Triste mesmo com a falta de respeito das pessoas! Tem gente que acha que ser músico é menos importante do que ser médico. Só que o que as pessoas não enxergam é que isso sempre depende do referencial. Se tem gente doente, precisando de ajuda, é melhor levar um médico. Ok. Mas se as pessoas estão tristes, precisando de alguma alegria, é melhor levar um músico!
Ou então vamos colocar no jornal o seguinte anúncio: Dr. Eduardo Pitanga Meirelles opera Sandra Maria do Nasimento, somente hoje, no HSBC Arena. Imperdível! Uma cirurgia de fígado arriscadíssima! Venha se divertir com os instrumentadores! Ingressos à venda no local.

Só um desabafo...

Show Grande Cidade Pequena

Quando se está acostumado a morar em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, as cidades pequenas são muito engraçadas! Parece que você está em outro planeta!
Esse fim de semana fui, acompanhando o Bondesom (http://www.myspace.com/bondesom), banda da qual meu marido faz parte, à São Pedro da Serra. Uma pequenina cidade na região serrana do Rio de Janeiro, perto de Friburgo, Lumiar... pra essas bandas. Os meninos foram fazer um show na cidade e fizeram o maior sucesso, autógrafos distribuídos, fotos tiradas, vídeos gravados e muitos cds vendidos. A graça é que a banda existe há alguns anos e não é sempre que causa essa comoção toda aos que assistem. Todos os moradores aglomerados na porta da igreja, alguns até de outras cidades próximas, assistindo, dançando e cantando junto. Foi uma delícia! Para uma cidadezinha pacata como aquela, aliás linda, foi um grande evento. "Os artistas comendo no meu restaurante? Como assim?" foi o que ouvimos hoje depois de um almoço maravilhoso no Paiol.
Quando a coisa é difícil a gente valoriza muito mais. Às vezes temos uma banda ótima, um artista incrível tocando do lado de casa e não vamos assistir por pura preguiça. Ou porque já vimos aquele show, ou porque simplesmente não estamos com vontade. Esse povo de cidade pequena não vê muito movimento, então quando aparece alguém, mesmo que desconhecido deles, eles tratam como popstars. E isso levanta o ego do artista de tal forma que o show fica até melhor!

Novos compositores

Estou cada vez mais apaixonada!
Por várias pessoas!
Calma, não me entendam mal. São os compositores da minha geração. Cada vez que eu conheço o trabalho de um novo eu me encanto mais. São jovens do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas e mais um monte de lugares que vão me fugir da memória. Não jovens por terem 20 ou 30 anos, alguns deles eu não tenho a menor idéia de quantos anos tem, e isso realmente não importa. São jovens por estarem colocando novas emoções na música que eu ouço. E a música que eu ouço é pop, rock, samba, instrumental, MPB, sei lá. Eu gosto de ouvir o que me toca, independe do gênero, se é que isso realmente existe.
Hoje eu conheci o trabalho de Marcelo Mercedo, conhecido como Impar em sites como o Myspace e o Oi Novo Som, e fiquei meio boba. Parece que ele é meu amigo há tempos quando nem o conheço pessoalmente. É engraçado como um compositor consegue traduzir um pessoa, uma personalidade, em música e mais engraçado ainda é que a gente se identifica e sente como se aquela música tivesse sito composta pra nós. Parece maluquice ou prepotência mas é só mais uma forma de se sentir próximo das pessoas que admiramos. Alguns compositores são meus amigos pessoais e eu adoro essa proximidade, é como se a qualquer momento algum deles pudesse compor uma música pra mim e ela não precisa se chamar Daniela, nem precisa ser necessariamente pra mim. Eu vou continuar achando que é.

Obrigada aos compositores que me dão inspiração todos os dias: Renato Frazão, Ruba, Thiago Thiago de Melo, Lucas Dain, André Siqueira, Rodrigo Zaidan, Jean Kuperman, Pedro Ivo, Matheus von Kruger, Vinicius Castro, Leo Stefano, Rui Aragão, Luiz Moraes, Pedro Mangia, Lucas Reis, Gabriel Versiani, Paulo Pilha, Christina Rigo, João Cavalcanti, Philippe Baden Powell, Mariana Volker, Leo Vilhena, Valentina Zanini, Marcelo Fedrá entre outros.

Hard Bolero

Quando as pessoas perguntam: Você canta o que? E eu respondo Hard Bolero, logo percebo uma interjeição. Hã?
A idéia é essa mesmo. Eu nunca me enquadrei, nunca fui exatamente o que esperavam de mim. Na adolescência eu confesso que sofri um pouco com isso mas hoje em dia acho o máximo, sou diferente sim, nem melhor nem pior, nem maior nem menor. Só mais madura e aceitando as diferenças entre cada ser humano como a coisa mais normal do mundo. Aceitando e respeitando! Sempre! Quinta fui a um show instrumental com muita mistura de música brasileira, sexta fui a um show de rock e sábado fui a uma roda de samba! E me diverti muito em todas essas noites!
Isso é uma parte do conceito Hard Bolero, o não preconceito com a arte, a disponibilidade de fazer música sem pensar no rótulo antes.
Hard Bolero é mistura inusitada, parente da Valsa Blues, do Forróck, do Frevo Funk. É como comer batata frita com sundae do McDonald's, quem nunca fez isso? Experimentou duas coisas juntas que a princípio não combinam e descobriu que juntas elas formam uma receita deliciosa! Foi assim que os maiores chefs do mundo se consagraram, misturando coisas! E é misturando tudo que eu já ouvi na vida que quero mostrar a minha alma para as pessoas.
Bem vindos ao meu Hard Bolero!